No início da década de 70, dois professores de uma universidade norte-americana, um de psicologia e um de linguística, uniram-se para compreender os padrões mentais de alguns terapeutas com intuito de descobrir o que os faziam tão eficientes em seus trabalhos. Os dois professores passaram o observar aspectos da linguagem gestual e oral desses indivíduos buscando meios de converter tais expressões em técnicas que pudessem ser ensinadas a outros. Com o tempo, outros pesquisadores foram se envolvendo nesse estudo das técnicas de eficiência humana em diversas áreas, como na política, no marketing e educação.
Percebeu-se que por trás de nossos comportamentos haviam modelos mentais (conjunto de pensamentos e emoções) que contribuíam ou não para os resultados que alcançávamos. A partir dessa concepção, esses pesquisadores tinham o objetivo de acessar tais modelos mentais, questioná-los e ressignificá-los. Esse era o papel da Programação Neurolinguística (PNL): tornar um processo o mais excelente possível a partir de técnicas e habilidades que foram aprendidas a partir de pessoas que são excepcionais em seus trabalhos. Ou seja, com ajuda de tais técnicas, podemos “reprogramar” nossos modelos mentais e sermos mais excelentes em nossos objetivos de vida.
E o que a PNL pode fazer pela educação?
Alguns teóricos, como Paulo Freire, dissertam que a educação só será emancipatória quando o diálogo for a prática central da sala de aula. A partir disso, Silva (2006), percebeu que a PNL e suas técnicas poderiam ser de grande ajuda no aprimoramento da comunicação em sala de aula, pois muitas vezes a forma como o diálogo era introduzido se tornava ineficiente por diversos motivos. Então, foram apresentados algumas técnicas e habilidades que podem auxiliar o professor em sala de aula.
Técnicas e mecanismos da PNL para aprimoramento da Pedagogia Dialógica
Rapport – Consiste em técnicas para criar um ambiente de participação e confiança. É entrar no mundo da pessoa e compreender onde ela se encontra. Uma maneira de se conseguir isso é a partir da observação dos predicados usados pelas pessoas. Tais predicados são verbos, adjetivos, advérbios ou expressões. A partir dessa observação, o professor pode passar a utilizar tais palavras do vocabulário dos indivíduos para atingir um grau de igualdade e confiança. Pode-se ainda espelhar, além do vocabulário e postura corporal, as piscadas de olhos, a respiração e a voz.
Índices de acesso – Consiste em técnicas de observação de movimentos dos olhos, gestos, tom e velocidade de voz e sinais corporais com o intuito de saber como a pessoa está processando alguma informação. Através do movimento dos olhos, por exemplo, é possível saber se a pessoa está mentindo ou se está entendendo o que foi dito. Olhando para cima (ou na horizontal) e à esquerda a pessoa está se recordando de algo. Olhando para cima (ou na horizontal) e à direita, está criando algo. Daí deduz-se que se uma pessoa estiver mentindo (criando) ela estará olhando à direita (horizontalmente ou acima).
Ancoragem – Consiste na utilização de estímulos físicos ou não para conduzir a comunicação com mais objetividade. Um cheiro, uma música, uma palavra ou um toque podem trazer à tona sensações de prazer, ou não, vividas anteriormente. Assim pode-se afirmar que âncora é um estímulo relacionado a um estado fisiológico capaz de ativá-lo. Tais artifícios, se usados com sabedoria, podem influenciar pessoas e extrair sua atenção.
Metamodelos – Técnica que permite a reunião de informações, esclarecimento de significados e identificação de limitações a partir de perguntas estrategicamente elaboradas. A partir de perguntas de omissão, generalização e distorção se pode identificar os limites nos pensamentos das pessoas. Por exemplo, pode se utilizar a pergunta “Como você sabe que…?” com o intuito de que os indivíduos desenvolvam melhor sua argumentação e evitem generalizações.
Metáfora – Recurso que pode se utilizado com o intuito de se explicar algo bastante complexo, fazer comparações e ativar o subconsciente para se fazer representações de conceitos.
A partir dessas técnicas, há a possibilidade de se otimizar a comunicação com o objetivo de erguer um diálogo ético e excelente que possa contribuir para que indivíduos que vivem em situação de opressão tenham mais facilidade de serem sujeitos ativos na luta dos direitos que lhes pertencem na sociedade da qual estão inseridos.
SILVA, Walberto Barbosa da. A Pedagogia Dialógica De Paulo Freire E As Contribuições Da Programação Neurolinguística:: uma reflexão sobre o papel da comunicação na Educação Popular. 2006. 85 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Educação)- Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2006. Disponível em: <http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/4302/1/FPF_PTPF_01_0950.pdf>. Acesso em: 07 mar. 2018.
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