Educação

Singapura: o país que fez da tecnologia e a educação grandes amigas

Esses dias estava lendo um artigo defendendo que “[…]Os provedores públicos e privados de educação têm que preparar jovens e adultos para a nova economia”. Sim, meus queridos, é isto mesmo que lemos: para a nova economia. Desde a crise de 2008, houve um movimento crescente em relação a novas formas de aprendizado que conduzissem o indivíduo a parar de produzir riqueza e encontrar uma fonte de renda sustentável para começar a aproveitar a vida, o que foi possível graças a 4ª revolução industrial que lançou tantos negócios digitais.

 

Esta nova economia que não vai parar, demanda uma nova formação profissional que acaba por alcançar a esfera do sistema educacional e exige dos educadores uma aprimoração no preparo do indivíduo para o novo mundo econômico e suas relações humanas. Assim, surge o desafio de uma instituição capaz de se adaptar À multiculturalidade e para a inovação. Sejamos sinceros, a escola é sim um lugar que prepara o aluno para o mercado de trabalho! Porém, a forma como ela o faz é que tem sido questionada.

 

Mesmo na era do conhecimento o papel do educador ainda é direcionar o indivíduo para desenvolver todo seu potencial, como já defendia o visionário Paulo Freire de que a tecnologia não se sobrepõe do novo sobre o tradicional, mas o tradicional que dá uma direção de onde precisa vir o novo (FREIRE, 1969. BITS, p.57), desse modo, “o novo traz em si elementos do velho; parte-se de uma estrutura inferior para se alcançar uma superior e assim por diante”.

 

Todos nós sabemos que  países como o Canadá, Estados Unidos, Japão são referências de índices elevados de educação. E consequentemente, os seus mercados são desenvolvidos pelo alto nível de capacitação dos indivíduos empregados. No entanto, o que chama atenção ao consultar a última publicação do PISA (avaliação internacional que mede o índice de educação aplicada pela OCDE) é ver um país de economia tão jovem estar entre os primeiros colocados: Singapura.

 

O sistema educacional de Singapura

É neste país malaio, onde acredita-se que a tecnologia tem um papel essencial para melhorar as escolas e também as oportunidades de acesso à informação. Os investimentos em práticas escolares mais tecnológicas incluem internet de alta velocidade para todos e livros em plataformas digitais, fazendo com que os materiais didáticos sejam mais acessíveis, especialmente para os estudantes com menor poder aquisitivo, onde há uma grande ênfase na colaboração.

 

Os que não podem arcar com os altos custos de uma educação de alta classe, contam com o apoio motivação individual para a crianças e dos recursos oferecidos pela própria escola para recuperar um possível atraso. Além disso, os professores têm mais oportunidades de buscar se capacitar e promover pesquisas, entregando um material de aulas que vai além das notas.

 

Desde sua independência em 1965, o sistema de ensino enxuto de Singapura  passou por grandes investimentos que priorizaram o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, baseadas em recentes descobertas da psicologia positiva (de seu precursor Abraham Maslow), nas instituições públicas e privadas do país. Essas mudanças são fundamentais dentro do sistema de ensino e foram aplicadas para moldar a forma como as matérias são ensinadas, além de estimular a positividade na vida das crianças e tornar a profissão de professor uma atividade recompensadora.

 

A lição de Singapura para o Brasil

Enquanto o Estado-Cidade ganhou posições nos últimos três exames do PISA (sendo em 2012, o segundo em Leitura e Matemática e o terceiro em Ciências), o Brasil obteve posições baixas em todas elas, com um desempenho inferior à avaliação de 2012, e abaixo da maioria dos países da América Latina que também fizeram parte do teste: foi o 59º em Leitura, 63º em Ciências e 65º em Matemática.

 

Fica claro então, que esse pode ser o melhor momento para avaliarmos uma oportunidade de mudar o Brasil, enxergando na tecnologia – no exemplo de Singapura – uma aliada capaz de disseminar e aprimorar o conhecimento, conforme dito por Paulo Freire à BITS em 1984: “Faço questão enorme de ser um homem de meu tempo e não um homem exilado dele” (FREIRE, 1984a, p.1), sendo um dever nosso lutar por uma educação tanto inclusiva, quanto tecnologicamente desenvolvida.

Roberth Cruz