Educação

Resenha do livro “Português no Ensino Médio e Formação do Professor”

Este livro, escrito pelo Prof. Dr. em educação Clecio Bunzen em conjunto com a Prof. Drª em Linguística Márcia Mendonça, trata da realidade atual do ensino médio e problematiza a forma como o português é trabalhado, além da formação dos professores. A divisão feita entre gramática e literatura é um dos exemplos dado pelos autores do que dificulta o processo de aprendizagem tanto para alunos quanto para professores. O livro defende a visão da escola como um espaço de vivência, não como um lugar que prepara para a vida, como ainda é a visão de grande parte da sociedade e, sendo assim, a escola precisa assumir esse papel.

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O primeiro capítulo trata do letramento, da forma que ele vem acontecendo nas escolas e como o professor se prepara para este momento. É destacada a importância de contextualizar os projetos, já que a escrita é profundamente ligada ao social e separá-los não é um bom caminho. Usando o exemplo prático de uma escola visitada, os autores defendem a socialização dos saberes produzidos não só por professores como por alunos, uma técnica que pode trazer mudanças significativas na aprendizagem e na vida de todos.

 

Com foco na leitura e no livro didático, o segundo capítulo discute a fundamental importância que este livro tem para a formação do leitor, tornando muito importante a discussão e olhar crítico do professor para o seu conteúdo. Foi escolhido o livro didático mais utilizado da escola pesquisada e uma das atividades propostas por ele.

 

Tendo o texto como algo que só faz sentido quando lido e interpretado, discutido e analisado, a forma como o professor trabalha os textos é tão importante quanto os textos que são levados para a sala de aula, já que é necessário que estes textos reflitam a realidade social e façam sentido para a vida de todos, pois sem isso o texto não é realmente útil.

 

Sobre as formas de comprovação de desempenho dos alunos, como SAEB e ENEM, o livro analisa o papel da língua portuguesa. É analisada, inclusive com exemplos, a forma como é desenvolvido o tema e o que é escolhido para fazer parte destes exames. Chegando-se a conclusão de que, mais uma vez, a preocupação é avaliar o que foi aprendido, excluindo-se a importância do social, apesar de existir uma preocupação interdisciplinar mais forte no ENEM.

 

O próximo capítulo foca na literatura e a forma como ela é encarada. Discute o papel da escola no ensino da literatura, o surgimento da internet e como ela pode interferir e alguns dos mitos que dificultam a relação do aluno com a disciplina e esclarece-os de forma a facilitar a interação.

 

O texto discute a dificuldade da escola de inserir a tecnologia no ensino da literatura, sendo o aluno de hoje íntimo da tecnologia e da leitura textual através de meios eletrônicos, a escola deve reencontrar seu papel e encontrar uma forma de incluir não só a tecnologia como novos modelos metodológicos que tragam ao aluno a possibilidade de fazer uma leitura crítica do texto.

 

No sétimo capítulo, a importância da literatura é enfatizada e defendida como a única maneira de compreensão do homem e de sua alma. A estilística de Bakhtin também é desenvolvida, apontando para a necessidade de uma forma de análise textual específica para o texto romanesco. Também é discutida a estilística trazida nos livros didáticos que trazem os tradicionais discursos direto, indireto e indireto livre. Estas formas de discurso são bem detalhadas a analisadas através, também, de exemplos.

 

Tratando agora, da avaliação da produção textual, o texto inclui o próprio aluno como avaliador dele mesmo, além da avaliação feita pelos próprios alunos de outros alunos. Tendo um avaliador horizontal, teríamos diversos benefícios que ajudariam aos alunos e aos professores a crescerem. Também é abordada e criticada a forma que é feita a avaliação e questionado o motivo de sua existência.

 

A fala é, sem dúvidas, muito mais presente no cotidiano da maioria das pessoas e, principalmente dos jovens. Porém, o texto traz a crítica de que a escrita não é exclusiva no espaço escolar, nem que a fala é simplesmente um aprendizado espontâneo. Apesar do pouco espaço que a oralidade tem no âmbito escolar, o interesse de pesquisa e estudo por esse tema tem aumentado. O texto sugere algumas opções de como trabalhar a oralidade na escola e como incluí-la no estudo de gêneros da língua.

 

O uso dos textos orais televisivos pode ser útil para trabalhar este tema e tornar o aluno capaz de analisar e produzir estes gêneros discursivos, já que para os autores deste texto, o objetivo do ensino da língua na escola não é tornar o aluno um especialista do tema e, sim, fazê-los perceber a diversidade do uso da língua.

 

O livro se encerra com um capítulo voltado para uma forma de articulação entre todos os temas já citados: leitura, literatura, produção de texto e análise linguística. Os autores trazem fundamentos teóricos para este promissor projeto didático que visa uma aprendizagem real, útil, produtiva e satisfatória para alunos e professores.

 

O livro aborda questões fundamentais e causa a reflexão sobre estas questões. Além de expô-las, trazem sugestões metodológicas e de atividades práticas para o bom resultado na sala de aula. O discurso é social e isso precisa ser levado em conta na sala de aula, principalmente no ensino de língua materna.

 

REFERÊNCIAS:

BUNZEN, Clecio., MENDONÇA, Márcia. Português no Ensino Médio e Formação do Professor. Parábola Editorial, 2006.

Maycon Miliorini