É notório que o trabalho voluntário pode trazer consigo uma nova forma de enxergar o mundo e as relações que nos permeiam. A partir do momento em que você faz algo unicamente com o objetivo de ajudar uma causa, os benefícios que chegam tanto para o voluntário quanto para a causa que ele está recebendo ajuda quebram o paradigma de que necessariamente devemos receber benefícios materiais para fazer algo em prol de alguém e nos sentir realizados.
No entanto, a cultura do voluntariado no Brasil está longe de ser uma realidade presente. Apesar do país contar com diversos projetos que utilizam o trabalho voluntário como forma de ajudar as pessoas e contribuir com outros setores da sociedade, como a causa animal e o meio ambiente, os brasileiros ainda o praticam muito pouco.
Número de brasileiros que doam seu tempo em prol do outro ainda é muito baixo
Em uma matéria publicada em 26/04/2019 pelo portal gaúcho Correio do Povo, foi informado que o trabalho voluntário é praticado por apenas 4,3% dos brasileiros. Segundo o portal, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2019, chamada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua,apontou que apenas 7,2 milhões de pessoas realizaram atividades de trabalho voluntário, correspondendo a apenas 4,3% da população do país.
Ainda de acordo com a matéria, essa situação fora do Brasil é diferente, seguindo outro caminho e com números muito mais positivos. Nos Estados Unidos, por exemplo, no mesmo ano, 77,3 milhões de pessoas realizaram o voluntariado, correspondendo a 30,3% da população,de acordo com pesquisa feita pela agência do governo federal norte -americana Corporação para Serviços Nacionais e Comunitários.
Vale ressaltar que atividades desse tipo são mais incentivadas no país, sendo usadas inclusive como critério positivo nos processos de admissões em universidades. Com essa informação, pode-se pensar que muitos norte-americanos, provavelmente, se doam a esse tipo de trabalho movidos por interesse próprio. É uma questão a se pensar, mas no entanto, mesmo que uma parcela da população o faça apenas para ganhar pontos para entrar em uma universidade, por exemplo, e depois nunca mais o pratique; esse incentivo com certeza pode levar alguém que inicialmente entrou apenas com esse objetivo a enxergar além e entender o seu verdadeiro significado. Resumindo, o incentivo estatal é muito importante para educar a sociedade quanto ao valor do voluntariado.
Além disso, seguindo este exemplo, as universidades que adotam a realização de trabalho voluntário como critério, irão receber estudantes altruístas, com um senso crítico acurado, uma visão de mundo muito mais ampliada, maior capacidade de trabalhar em equipe, dentre inúmeros outros benefícios. Estes estudantes com certeza agregarão de forma muito positiva nas instituições e se tornarão melhores profissionais no futuro, mantendo assim ativa a cultura do voluntariado aonde estiverem.
Os benefícios do voluntariado e da cultura de doar ação
Já é comprovado que realizar trabalho voluntário faz bem, e muito! Estudos da Universidade de Michigan (EUA), indicam que pessoas que realizam trabalho voluntário por amor e pelo prazer em ajudar o próximo, vivem em média quatro anos mais. A afirmação é do pesquisador norte-americano Allan Luks no livro O Poder Curativo de Fazer o Bem (ainda sem tradução para o português).
Acontece que o sentimento de satisfação vivenciado pelo voluntário é muito poderoso, aumentando a liberação de endorfinas pelo organismo, que são neurotransmissores que provocam a sensação de felicidade.
Além da felicidade, existem inúmeros outros benefícios. Pode-se citar a melhora na saúde mental e física, a criação de novas amizades, o desenvolvimento de habilidades e aprimoramento das que já se possui, aumento das chances de conseguir um trabalho pago, dentre muitos outros.
A partir destes apontamentos, pode-se chegar a conclusão de como uma sociedade mais ativa no voluntariado é, realmente, melhor em todos os sentidos. Cidadãos mais felizes e satisfeitos em ajudar o outro irão conseqüentemente viver melhor junto aos seus semelhantes, desenvolvendo menos agressividade e menos disposição em resolver conflitos de forma errada, além de enxergarem o valor contido no ato de ajudar o próximo e difundir essa iniciativa.
No Brasil, a caminhada ainda é longa, mas são com pequenas ações individuais e de pequenos grupos que se criam grandes iniciativas. Por isso, a revolução do voluntariado pode começar justamente ao olharmos mais para dentro de nós mesmos e nos questionarmos. Quando foi a última vez que doei meu tempo em prol de alguém? Como posso fazer a minha parte, nem que seja na minha comunidade, para tornar o mundo melhor? Fica aqui uma boa reflexão.
Quer ver um exemplo real? Veja como o voluntariado transformou a vida e a carreira do nosso colaborador Jonathan Lamim.
Referências:
https://www.correiodopovo.com.br/
http://institutovidacidada.org.br/site/
Me interesso principalmente por arte, livros, cinema, música e cultura no geral. Também sou muito atraído pelo jornalismo investigativo e a forma como ele da voz áqueles que não são ouvidos e denuncia injustiças.
Desde criança gosto muito de ler e escrever, e acredito que as palavras tem um poder incrível de transformação nos indivíduos e na sociedade como um todo.
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