Educação

Educação Financeira: mais do que uma nova disciplina na grade curricular

Vivemos em um tempo no qual a inflação costuma dar uns sustos de vez em quando. E com isso, a figura do cofre em formato de porquinho começa a ficar mais presente em alguns comerciais, nas postagens dos blogs, nos grupos de whatsapp… Pois é, ela acabou chegando também nas salas de aula e desde 2014 o MEC tem trabalhado o tema da Educação Financeira nas estratégias pedagógicas.

 

Apesar de ainda não ser ministrada em muitas escolas, existe ampla gama de materiais educativos disponíveis sobre o assunto, inclusive uma edição inteira da querida família ilustrada de Mauricio de Souza: a Turma da Mônica! Edição esta que foi lançada também em 2014 em parceria com o SPC, visando orientar sobre dívidas e gastos em uma linguagem simples para quem está começando a assimilar a importância do dinheiro. Ou seja, a Educação Financeira não precisa ser necessariamente uma disciplina, mas pode ser desenvolvida dentro de uma boa parte delas.

 

Aliás, não se trata apenas de ministrar disciplinas que abordem a educação financeira nas escolas. A mágica acontece quando o assunto transcende as barreiras das horas letivas e alcança o limiar da vida dos alunos, que poderão desde cedo trabalhar melhor seus recursos econômicos e aprenderem a utilizar isso para a vida. É como já vimos aqui no blog: quando a escola reflete prática da vida, aprender se torna mais intuitivo, muito mais prazeroso, muito mais produtivo!

 

Com esse intuito, a Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação desenvolveu através do Grupo de Apoio Pedagógico do Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef) um amplo planejamento para que seja adotada uma base comum de educação, onde um dos pilares venha a ser a formação do pensamento crítico sobre o uso consciente do dinheiro, que partiu de um projeto piloto muito bacana onde os alunos participantes conseguiram transportar os conhecimentos da sala para a vida e colaborar com a renda de suas famílias.

 

Essa iniciativa foi necessária quando se constatou, após uma pesquisa da Diretoria de Currículos e Educação Integral (Dicei), que o Brasil é o único país cujo ministério da educação tem papel predominante na estratégia nacional de educação financeira. Isso de fato é preocupante, e pode ser refletido pelo número crescente de pessoas que vem se endividando ao alcançarem a fase adulta da vida. Como um profissional da área financeira, eu ouço constantemente as pessoas se perguntando porque não aprenderam a cuidar do dinheiro o quanto antes.

 

Enfim, para ilustrar a situação, lembra daquelas cenas de filme onde aparecia uma criança vendendo limonada pros vizinhos e colocando as moedas em vidros transparentes? É nessa segunda parte do exemplo que eu quero focar agora. Pois, independente da idade para a qual nós estamos falando, a questão de poupar – não para consumo e sim para administrar a liberdade de escolha – sempre será uma confortável poltrona que poderemos escorar para quando tropicar com a vida na próxima esquina.

Roberth Cruz