Segundo os teóricos crítico-reprodutivistas, entre os quais figura o sociólogo francês Pierre Bourdieu, a escola é uma das instituições encarregadas de perpetuar e manter a estrutura capitalista a partir do convencimento (que ocorre de forma natural e não violenta). E como as escolas o fazem? Dá-se acesso educacional a todos e se “promete” que, através dos estudos, todos conseguiriam avançar socialmente e intelectualmente de acordo com o esforço e merecimento de cada um (a famosa meritocracia). Porém, na prática a coisa se desenvolve de maneira oposta, visto que nem todos possuem as mesmas condições sociais e conhecimentos de mundo, ou seja, nem todos possuem o mesmo nível de capital cultural.
Junte a esse problema o fato de que a escola, de forma arbitrária, transmite conhecimentos socialmente valorizados e, por conseguinte, dita quais indivíduos se darão melhor que os outros: os que possuem níveis mais elevados de capital cultural, adquirido através da família, amigos e ambiente social. Ao mesmo tempo que ela valoriza e impõe a cultura hegemônica, também deslegitima o conhecimento de mundo daqueles que advêm de camadas mais baixas. A esse fenômeno Bourdieu o nomeia “violência simbólica”. A imposição de uma cultura privilegiada é feita de forma natural, já que lhe é ocultado o caráter impositor, e acessível a todos, embora não esteja ao alcance da maioria (os excluídos do interior). Portanto, a escola, como ela é hoje, neutraliza/dificulta qualquer possibilidade de que pessoas advindas de classes sociais mais baixas possam se destacar positivamente no meio educacional porque a elas é totalmente desconhecido aqueles conteúdos transmitidos. Ela reproduz, segundo Althusser, as lutas de classes, no qual a classe dominante luta para manter sua ideologia hegemônica.
REFERÊNCIAS:
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos do Estado. 1987. P. 78
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Editora vozes. 2009
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