Educação

Eu tenho orgulho de ser professor

Aqui quem vos fala é um professor recém-formado e muito orgulhoso da profissão que escolheu, apesar de algumas dificuldades. Assim como eu, muitos outros professores ouviram falas do tipo “Você vai passar fome” ou “Não tinha outra coisa melhor?” no início de seus caminhos profissionais. Paulo Freire conta que ninguém nega o valor da educação, mas poucos desejam que seus filhos sejam professores. De fato, seria muito bom se nós professores tivéssemos o salário de um político e o prestígio de um jogador de futebol. Precisamos sim de melhores condições de trabalho e isso é pauta das grandes mobilizações docentes que ocorrem desde sempre. Porém, o que me dá mais orgulho em seguir essa profissão é o caráter transformador que ela propicia no dia a dia, afinal, ser professor não é apenas transmitir conhecimentos, mas também motivar, transformar e aprender através das trocas de experiência com nossos alunos. “Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”, já nos dizia Freire.

Para homenagear essa linda profissão, decidimos procurar diversos professores e lhes pedir que nos contassem sobre situações em seus trabalhos que os fizeram se orgulhar da profissão que seguiram. Acompanhemos alguns depoimentos a seguir:

 

Ana Carolina MachadoAna Carolina Machado, professora de Português – “Este ano fiquei longe das salas de aula e migrei para um novo desafio: o EAD. Confesso que tive medo, pensei que não iria me adaptar. Porém, hoje estou muito feliz por estar levando meu conhecimento para alunos dos mais diversos cantos. E sinto saudades também da sala de aula, dos debates calorosos, das minhas previsões para os temas do ENEM (ainda não fiz para esse ano haha). É muito bom ser professora! Mesmo sendo um ato de resistência a cada dia, pois somos julgados e ainda não recebemos o devido valor pela sociedade. Mas continuamos! E vamos continuar levando a educação para todos, sem distinção. Por fim, amo demonstração de carinho dos alunos e esse comentário foi retirado de um vídeo meu do YouTube (“Essa professora é mto amorzinho, da vontade de abraça-la”) 💕 Abraços para todos os queridos aluninhos do meu face”.

 

Reginaldo FabriReginaldo Fabri, professor de Química – “Recentemente, fui convidado por uma ex-aluna para ir a sua colação de grau (ela é pedagoga) e ao final do evento ela veio até mim, deu-me um forte abraço e disse que eu era o motivo dela ter feito este curso. Alegou que a minha atitude nas aulas, minha fala motivadora e, até, as diversas broncas que dei nela (isso eu nem me lembrava) despertaram o seu desejo em ser professora. Eu agradeci e pedi a ela que também fosse uma profissional que pudesse motivar outras crianças e jovens a seguir nossa profissão.”

 

Ralf MajevskiRalf Majevski Santos, professor de Engenharia Elétrica – “No início de minha carreira profissional acabei trabalhando como professor do ensino fundamental I, ou seja, de 6º ao 9º ano, sendo que, no meu segundo ano de trabalho a coordenadora pedagógica me chamou, no início do 2º semestre, para me informar que teria uma aluna nova na minha turma de 6º ano. A priori tudo na normalidade, mas, quando ela me falou que a aluna não queria mais estudar matemática e que estava sempre chorando muito antes de sair de casa, fiquei preocupado. Neste instante, perguntei a minha coordenadora o porquê de transferir essa aluna para minha turma? Pois, não sou licenciado em matemática e sim engenheiro eletricista. Ela olhou para mim e falou: Eu sei. E os pais só deixaram ela estudar aqui porque falei para eles que você saberá libertar essa aluna. Ao término do ano a vida continuou e essa menina continuou… Isso me fez orgulhar-me de ser professor”.

 

Lourival CristofolettiLourival Cristofoletti, professor de Comportamentos Corporativos e voluntário na Spreading – “Um aluno precisava alcançar a Nota 7 para ser aprovado. Por mais que eu “espremesse” a prova dele, o máximo que consegui atribuir, sendo muito condescendente, foi um 6. Ele me procurou, desesperado, contando a seguinte história: A minha disciplina era a última que faltava para ele se formar e poder ocupar a vaga de um excelente emprego que havia conquistado. Também ficou sabendo naquele dia que a namorada estava grávida e essa seria a grande chance de assumi-la com dignidade. Acreditei no que ouvi, sem checar nenhuma informação e lhe dei uma oportunidade de apresentar um trabalho complementar para conquistar o ponto que estava faltando. Afinal, alguém tem que estender a mão quando a pessoa mais precisa. E ele fez por merecer a nova oportunidade, podendo, assim, colar grau. Um ano e meio depois o encontrei com sua filha e esposa e ele me agradeceu. Gratificado, senti-me naquele momento o que acredito que sou: um educador que faz a diferença, que troca de lugar com os alunos. Essa única situação já foi suficiente para eu me orgulhar da minha profissão. Esse é o meu papel, essa é a minha amada missão. Isto me basta, isto me comove”.

 

Maycon MilioriniMaycon Miliorini, professor de Espanhol e Redator do blog da Spreading“Minha primeira experiência como professor foi num curso de idiomas. Peguei uma turma de espanhol que estava no último período. No final do ano, um dos alunos me enviou um e-mail em espanhol dizendo que estava feliz por ter sido meu aluno e que eu o incentivei a se aprofundar mais na língua espanhola. Só esse e-mail já fez meu semestre inteiro ter valido a pena. Les echo de menos a mis alumnos”.

 

 

Lorrana MartinsLorrana Martins, professora de Educação Infantil – “Sinto orgulho de ser professora quando recebo todo o carinho do mundo dos meus alunos.  A cada abraço, a cada “tia, eu te amo”, a cada “tia, você está linda”. Me orgulho de poder fazer parte da vida de cada um, de saber que no futuro eles ainda vão lembrar de mim”.

 

 

 

Raquel NunesRaquel Nunes, professora de Ensino Fundamental I – “A sala de aula me realiza… Todos os dias quando entro em sala vejo aqueles rostinhos buscando conhecimento e a cada etapa que evoluem me sinto radiante. É muito gratificante poder contribuir com crescimento de cada um. Agradeço a Deus por ter me concedido o dom de ensinar. Amo ser professora.”

 

 

Diante dessas experiências, podemos perceber o quanto pequenas atitudes podem propiciar grandes mudanças. Docentes, não vejam seus estudantes como tábuas rasas, mas sim como seres humanos dotados de subjetividade. Alunos, respeitem mais seus professores e sempre deem retorno das aulas para que eles possam melhorar cada vez seu trabalho.

Se você também se orgulha de ser professor, conte para gente!

Feliz dia dos professores!

 

 

Maycon Miliorini