Como o voluntariado transformou minha vida e minha carreira

Olá, me chamo Jonathan Lamim sou especialista no desenvolvimento de soluções digitais e trabalho desde 2005 na área de tecnologia.

São longos anos, muitas experiências e histórias e nesse post eu vou compartilhar com você alguns momentos onde o voluntariado fez toda a diferença na minha vida, potencializando minha carreira como profissional da área de tecnologia.

Atualmente eu tenho meu próprio negócio onde ajudo as empresas e profissionais a desenvolverem seus negócios no meio digital. Mas nem sempre foi assim.

Como tudo começou

Não me lembro exatamente o ano, só sei que foi em Estrela Dalva, interior de MG, onde eu precisei fazer uma escolha que mudaria minha vida vários anos depois.

Tive a oportunidade de escolher um curso para fazer enquanto seguia meus estudos: inglês ou informática?

Não hesitei e escolhi informática, eu já me interessava por essas coisas de tecnologia mesmo sem ter acesso a ela. O máximo que eu fazia era desmontar carrinhos de controle remoto e fricção e montá-los novamente, e o desafio era não deixar sobrar nenhuma peça na remontagem.

Comecei o curso de informática, uma vez por semana, logo às 8h da manhã, já que eu estudava à noite. E o primeiro grande desafio surgiu: como praticar o que aprendia sem ter um computador?

A primeira experiência com voluntariado

Estudar informática sem ter um computador era um grande desafio, mas nesse mesmo período o governo de MG estava implantando laboratórios de informáticas nas escolas e esse processo estava ocorrendo na que eu estudava.

Como nessa época eu ainda não trabalhava, me coloquei à disposição para poder ajudar os alunos e professores pela manhã e pela tarde.

Você deve estar se perguntando: mas como você se voluntariou a ajudar no laboratório sem saber muita coisa ainda?

Pois é, mas a pergunta que me fiz foi diferente: o que mais eu posso aprender ajudando os alunos e professores além do que já aprendo no curso e poderei colocar em prática no laboratório?

Essa experiência além de me trazer novos conhecimentos, responsabilidades e me fazer sentir útil, despertou em mim o desejo de seguir ajudando as pessoas além do que já fazia no dia a dia.

Quando a ajuda é reconhecida

Quando terminei o ensino fundamental fiz prova para a escola agrotécnica para estudar informática, passei em 2º lugar (mesmo tendo perdido 2 meses antes da prova, uma das pessoas mais importantes da minha vida), e quando fui fazer a matrícula uma surpresa: não tinha alojamento para os alunos do curso de informática, e como minha família não tinha condições de me manter em outra cidade para estudar, voltei e segui o curso para o ensino médio.

Ao terminar o ensino médio decidi fazer prova para a escola técnica novamente, para o curso de informática. Não passei entre os primeiros, mas consegui uma vaga para começar o que chamo de melhor período acadêmico da minha vida.

Entrei para a escola técnica, todo dia era uma viagem, pois eu tinha que pegar 2 ônibus para ir e 2 para voltar para casa, o que dava cerca de 3 horas de viagem no total. Além disso eu precisava andar cerca de 4 ou 5 quilômetros da rodoviária até a escola técnica, pois nem todo dia eu tinha os dinheiro para pegar um outro ônibus até a escola.

As aulas eram à noite e eu tinha que sair de casa às 13h devido aos horários limitados de ônibus, como eu ficava muito tempo esperando até o início das aulas, me matriculei em alguns cursos gratuitos que eram oferecidos à tarde no mesmo prédio onde estudava à noite.

O primeiro semestre passou, era 2004, tive um ótimo desempenho, recebi inclusive uma carta da coordenação em novembro de 2004 expressando a gratidão deles pela minha contribuição.

Mas tinha uma coisa que muitos não sabiam sobre mim: eu não tinha computador ainda, tudo o que eu precisava estudar era na base do papel e caneta, criando formas de reforçar o aprendizado, e sempre que possível utilizava o laboratório da escola na minha cidade e também o laboratório da escola técnica.

Começou o segundo período e um dos professores me chamou para conversar, eu logo pensei que as coisas começariam a complicar pra mim pelo fato de não ter um computador, mas fui surpreendido.

Ele veio me pedir duas coisas:

1. pra eu acompanhar os alunos durante os exercícios enquanto ele estaria na sala ao lado trabalhando em seu projeto de mestrado com o aval da instituição
2. que eu o ajudasse no desenvolvimento de seu projeto de mestrado, na parte de cálculos

Nesse momento eu percebi o quanto a minha dedicação em aprender e ajudar os outros para reforçar o que eu estava aprendendo e ajudá-los a evoluir estava produzindo resultados inesperados.

Um grande presente

Durante o segundo semestre eu ganhei um grande presente, um dos mais importantes durante minha carreira até hoje.

Uma prima minha havia ganhado um computador novo e me perguntou se eu gostaria de ficar com o dela. 

Após longos anos, enfim eu poderia estudar em casa com meu próprio equipamento. Dei uma geral nele, mesmo ele sendo limitado para o que eu precisava, mas fiz com que ele atendesse às minhas necessidades.

E foi com ele que eu cheguei ao último período da escola técnica, onde eu tive uma das maiores experiências de reconhecimento de trabalho voluntário da minha vida.

O último período era quando deveria fazer meu trabalho de conclusão de curso, tinha aproximadamente 5 meses para concluir tanto o software quanto a documentação do TCC. E nesse período eu já tinha passado por alguns empregos e estava cuidando de um negócio que abri junto com meu, e que me ajudou financeiramente a concluir os estudos na escola técnica.

Enquanto eu desenvolvia o meu TCC eu sempre ajudava os demais alunos, procurei ser útil o máximo possível ao longo desse último período, enquanto eu ajudava também o professor no projeto do mestrado.

Concluí meu TCC, enviei ao setor pedagógico e então era aguardar o dia da apresentação. Alguns dias antes o professor que eu ajudava no mestrado chegou pra mim e disse: “fui escalado para estar na sua banca de avaliação, porém é no mesmo dia da minha defesa no mestrado, não sei se conseguirei chegar a tempo.”

Eu fiquei chateado e feliz ao mesmo tempo e disse pra ele: “tudo bem, enquanto você é aprovado lá eu serei aqui”.

O reconhecimento público

No dia da apresentação chego na escola e ao entrar no corredor da sala de apresentação avisto 2 pessoas: o professor e um outro senhor que o acompanhava.

Fiquei extremamente feliz, cheguei para ele, cumprimentei e perguntei: “e aí, como foi a defesa da tese?”.

Antes de me responder ele disse: “Esse aqui foi o meu orientador no mestrado – não lembro o nome dele, era um alemão – e o convidei para assistir à sua apresentação (me emociono sempre que lembro desse fato).

Fiquei honrado e nervoso ao mesmo tempo, pois a responsabilidade só aumentava para que a apresentação fosse impecável.

Chegou a minha vez, tudo pronto, sistema aberto e comecei a apresentação. uns 15 minutos depois, eis que o inesperado acontece: o sistema trava e dá um erro enorme na tela.

Muitos pensariam “esse é o meu fim”, mas de imediato eu disse: professores, eu sei porque o erro ocorreu e vou corrigi-lo ao vivo para vocês e assim vamos continuar a apresentação.

Assim o fiz, corrigi em menos de 5 minutos e retomei a apresentação. 10 minutos depois ela estava sendo encerrada e a banca começou com as perguntas, estava me saindo muito bem até que um professor começou a questionar o fato de eu ter entregue meu TCC no setor pedagógico faltando quase 2 meses para o prazo final.

Antes mesmo de eu conseguir pensar na resposta, o meu professor agora mestre que estava no fundo da sala pediu a palavra.

Foi quando ele disse que eu havia feito muito mais do que um TCC, que eu havia em 5 meses ajudado todos os alunos da turma com seus TCCs, o ajudado com o projeto do mestrado e ainda feito o meu TCC com perfeição a ponto de me arriscar na correção de um erro em tempo real na frente da banca.

Quando ele acabou de falar eu não tinha a menor condição de responder a mais perguntas, estava nervoso. E nem precisou, pois a banca julgou que eles já tinham tudo o que precisavam para avaliar.

Dias depois fiquei sabendo que eu havia conseguido um 9,5 dos 10 pontos possíveis no TCC, e que só não alcancei o 10 pelo erro que aconteceu. Mas eu poderia ter passado com 7, a média, pois só o reconhecimento que tive pelo meu trabalho voluntário valeu a pena.

A carreira avançou e a coisa ficou internacional

Os anos se passaram, já tinha uma boa experiência com tecnologia, e então fui ser voluntário na Mozilla. Foi uma experiência incrível, pude ajudar diversas pessoas no que diz respeito a uso consciente da internet, dar palestras, realizar eventos.

E não parou por aí, comecei a me especializar em um framework de desenvolvimento de sistemas web chamado CodeIgniter, que muitos diziam estar rumo ao fracasso.

Mas eu acreditava nele, e isso importava para mim. Fui me aprofundando, conhecendo-o cada vez mais até me tornar um dos maiores especialistas nesse framework aqui no Brasil.

Então a empresa responsável por ele anunciou que estava passando a responsabilidade do desenvolvimento para outra empresa, e nesse momento eu decidi me voluntariar para ajudar no desenvolvimento da nova versão.

Com esse voluntariado eu acabei aprendendo tanto que decidi escrever um livro sobre ele – que você pode conhecer clicando aqui – e tem uma nova versão dele sendo produzida pela editora.

Me dedicava a esse voluntariado algumas poucas horas por semana, remotamente, me envolvendo com profissionais de diversas partes do mundo. E a recompensa por ajudar era incrível, um sentimento de utilidade e satisfação pessoal altamente motivador.

Hoje eu estou entre os 25 programadores ao redor do mundo que mais contribuem voluntariamente para o desenvolvimento deste framework.

Por conta desse voluntariado e da visibilidade natural que ele dá, venho recebendo diversas indicações para trabalho tanto no Brasil quanto no exterior.

Seja um voluntário, vai mudar sua vida

Já compartilhei com você alguns momentos da minha vida onde o voluntariado fez toda a diferença e espero que minha história possa lhe encorajar a se tornar voluntário.

Escolha uma área em que você tenha habilidades e se coloque à disposição para ajudar as pessoas.

Você pode ser um voluntário mesmo sem estar ligado a organizações que trabalham com isso. A decisão de ajudar as pessoas que precisam de algo que você tem capacidade de atender já é um trabalho voluntário por si só.

Mas se você preferir se conectar a uma organização que trabalhe com voluntariado de modo que você tenha orientação e possa ser direcionado a voluntariar nas áreas necessitadas, convido você a vir para a Spreading.

Faço parte do grupo de voluntários da Spreading praticamente desde o seu início, e tive a oportunidade de palestrar em escolas aqui no Espírito Santo e escrever artigos que impactaram a vida de diversas pessoas ao redor do país e senão do mundo.

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a minha história, o que faço e como ajudo as pessoas, se conecte comigo nas minhas redes sociais.

Você também quer ser um voluntário? Cadastre-se na nossa plataforma: https://www.spreading.com.br

Instagram: @jonathanlamim

Facebook: JonathanLamimAntunes

Grande abraço e sucesso sempre!!!